Aldeia da Reexistência

Aldeia Maracanã luta contra a destruição da cultura indígena

Como podemos viver em um país aonde gastam 3 bilhões de dólares para um evento de 20 dias? Enquanto há anos nossa saúde e educação sofrem com esse descaso. De quem é a competência de vender, dar, retalhar, doar um patrimônio da União. É um crime que lesa a pátria o que eles vem fazendo, destruindo laboratórios de primeira linha.
  Os indígenas da Aldeia Maracanã em alerta, estão dispostos a resistir até a morte. A presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), desembargadora federal Maria Helena Cisne, cassou duas liminares que impediam a demolição do prédio onde funcionou o Museu do Índio de 1910 até 1978, bem como proibiam a retirada dos ocupantes do imóvel.

"Na última sexta-feira, e no sábado, começaram a quebrar os muros do terreno. Afastado aqui da Aldeia. Mas já no terreno. O clima está tenso. Estamos dispostos a qualquer coisa, inclusive a não sair daqui vivos", disse Afonso Aporinã, um dos líderes da Aldeia Maracanã, onde está tendo uma oca da resistência contra o crime cometido contra o imóvel da União.

Com medo de que a partir da decisão do TRF-2 o governo do Estado tente retirá-los da área neste feriado prolongado, os índios prometem reagir e ficar em estado de sentinela.


Antes mesmo de serem suspensas as liminares, na segunda-feira (12/11), a Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro (Emop) notificou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para que esvazie, em sete dias, o imóvel que ocupa no mesmo terreno onde está o prédio do antigo Museu do Índio. Ali funciona o  Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro).

Calamidade pública

A exigência do Governo Estadual motivou uma nova Ação Civil Pública (ACP) pedida pelo 1° Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da Defensoria Pública da União (DPU). No documento, registrado nesta quarta-feira (14/11) na Justiça Federal, o defensor Andre Ordacgy pede que seja garantido o funcionamento do Lanagro.

"Desde 2009 discute-se o que será feito com o laboratório, mas até agora não foi decidido onde e nem como o Lanagro ocupará outro imóvel", argumentou Ordacgy. "É calamidade pública o não funcionamento desta instituição e afeta diretamente a população fluminense, capixaba e mineira. Ali operam os serviços de classificação vegetal e animal e de análise laboratorial de bebidas e alimentos. Todos produtos alimentícios que entram e saem do país pelos portos e aeroportos são analisados ali".

De acordo com trecho do documento onde o MAPA se manifesta, o Lanagro tem por função observar a "questão alimentar confirmando adulterações, fraudes econômicas e alterações físicas, químicas e microbiológicas em alimentos que podem causar morte e surtos epidemiológicos de grandes proporções". O documento prossegue que na proteção do "Território Nacional atuamos auxiliando na identificação de pragas e doenças exóticas que podem comprometer sobremaneiramente o agronegócio brasileiro". Ainda segundo o MAPA, seriam necessários, ao invés dos sete dias impostos pela EMOP, pelo menos três meses para concluir a mudança do órgão par outra localidade.

Sarney Filho defende Museu do Índio

Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados, Sarney Filho (PV-MA) encaminhou ofício à Presidência da Casa, à presidente Dilma Rousseff e ao governador Sérgio Cabral chamando a atenção para o 'processo de demolição' do antigo Museu do Índio. Nos documentos, o líder do Partido Verde destaca a importância histórica do prédio, e solicita seu tombamento.

"O imóvel tem um valor simbólico excepcional para os índios e, por extensão, para toda a sociedade brasileira. Para essas pessoas não é somente o 'imóvel onde funcionou o Museu do Índio', mas a antiga casa de marechal Rondon, um marco histórico para os índios brasileiros e para a nossa história. Ele se tornou uma espécie de lugar sagrado para eles. Tanto que, mesmo requerendo reparos nas suas instalações, abriga um pequeno grupo de índios de várias etnias", disse a Cabral, para quem pediu que a demolição fosse revista.


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                                          Festa do moqueado na Aldeia Maracanã

O momento é crítico e pede-se a atenção de todos ao chamado das lideranças indígenas da Aldeia Maracanã. Podem comparecer na aldeia preparados com: Barracas, pertences, alimentos não perecíveis, instrumentos musicais, água, cal, tintas, materiais de higiene pessoal, etc. Estamos fazendo uma vivência e intercâmbio cultural.

Foi derrubada inconstitucionalmente uma liminar que impedia a demolição do prédio histórico com mais de 150 anos de construção.

Estamos nos preparando internamente e estruturalmente par
a receber um grande número de pessoas que estão dispostas a defender esta causa e se juntar a nós num corredor humano.

Fiquem ligados a nossa página Centro Cultura Indígena e essa página do evento.

PROIBIDO USO DE DROGAS LICITAS E ILÍCITAS NO LOCAL.
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(Video) Belo Monte em Alta Tensão

Belo Monte em ALTA TENSÃO Parte 2....O Ministério Público Federal alerta sobre os RISCOS do empreendimento Belo Monte. Além dos problemas ambientais causados pela obra, se encontra um questionamento maior, a rentabilidade e o custo final das obras do Belo Monte no rio Xingu... o Procurador alerta dos altos riscos de um projeto se baseando nos estudos e análises de riscos realizados de forma monocrática, apenas para cumprir uma simples formalidade administrativa.. fala da relevância dos riscos financeiros e de seus impactos sobre a economia local e nacional... Belém, Pará, setembro 2012.
Assista o video:
http://www.youtube.com/watch?v=Xd-dprOqX-k
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(Video) Entrevista com o Procurador do Ministério Público do Pará sobre a Hidrelétrica Belo Monte

Setembro 2012, entrevista exclusiva no Ministério Público Federal de Belém/PA sobre os impactos ocultados do projeto da barragem Belo Monte. O Procurador alerta sobre os altos riscos de caos sociais e ambientais na bacia do Xingu. O procurador descreve o histórico do processo de licenciamento, suas dúvidas em relação a eficiência e responsabilidade da obra do Belo Monte... parte 1 de uma entrevista de informação e esclarecimentos... a seguir !!!
Assista o video:
http://www.youtube.com/watch?v=ddqZ_oERbhw&list=UUc7Y8FnjIn1Wwl8hWvtFNRg&index=1&feature=plcp
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(Video) Pescadores do Rio Xingu Vivo

Belo Monte, 22 de setembro de 2012...
Os pescadores do rio Xingu, moradores da cidade de Altamira no Pará, cercam as obras da usina hidrelétrica Belo Monte e fazem um apelo para a mobilização contra as práticas ilegais da empresa Norte Energia. Os pescadores reclamam do não cumprimento das condicionantes, bem como o desprezo que o governo e a empresa Norte Energia estão demonstrando no processo de implementação da obra. Os ribeirinhos, como os indígenas, afirmam ter perdido a confiança no futuro e na sua sobrevivência com o rio Xingu. A luta contra a Belo Monte já dura décadas e foi aprovada pela Fundação Nacional do Índio em 2011, na gestão genocida de Márcio Meira (responsável também pelo Decreto de desestruturação da FUNAI, 7056/09)  Há quinze ações do Ministério Público Federal contra a construção da barragem Belo Monte. A usina Belo Monte ainda está no seu início e há possibilidade de se impedir a sua construção.
Assista o video:

http://www.youtube.com/watch?v=fyqZN7l_Pp8&list=UUc7Y8FnjIn1Wwl8hWvtFNRg&index=5&feature=plcp
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Muita terra para pouco branco: quando se fala da Cosmologia da Floresta e seus originários

                                          Guerreiros Krahô na tradicional Corrida de Toras......
Muita terra para pouco branco: quando se fala da Cosmologia da Floresta e seus originários

No dia 11 de setembro se comemora o Dia do Cerrado. E aconteceu em Brasília o VII Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. Dia 13 de setembro realizou-se o Grito do Cerrado e a ancestral Corrida de Toras com as etnias Xavante e Krahô, sendo que os krahôs chegaram primeiro na corrida http://www.youtube.com/watch?v=c0F4VRtLu88&feature=plcp Um pouco mais tarde teve uma audiência pública sobre o cerrado e os Povos que em seu bioma habitam (nações originárias indígenas, quilombolas, famílias rurais e extrativistas).

O Movimento Indígena Revolucionário compareceu à audiência pública no Senado Federal e constatou o descaso da parte dos órgãos (in)competentes. A FUNAI, seguindo a sua tradição, mais uma vez NÃO apareceu para a defesa dos Territórios Indígenas do Cerrado.

Como na audiência do Senado, a reunião realizada na Câmara Legislativa do DF, ocorrida no dia 12 de setembro, onde se pensava a Lei para o Marco Regulatório do Cerrado no DF, foi totalmente ignorada pela FUNAI, deixando a deriva os direitos do Território Indígena no DF (Santuário dos Pajés, Aldeia Tekohaw e outras). Houve total descaso da FUNAI em relação à demarcação desta Terra Indígena, localizada no Setor Noroeste, fazendo com que os parentes indígenas tivessem que recorrer ao Ministério Público para buscarem proteção territorial ( http://brasil.indymedia.org/media/2011/10//498392.pdf ).

A expansão imobiliária em Brasília não tem freios e é patrocinada pelo próprio GDF. Em vez de apoiarem um Encontro para inglês ver (como foi o VII Encontro dos Povos do Cerrado), o GDF poderia ter barrado a construção imobiliária do Setor Noroeste e assim ter realmente preservado o cerrado nativo e o seu bioma (como os indígenas e sua ancestralidade estão fazendo naquele local).

Nesse Encontro houve uma oficina sobre a Convenção 169 da OIT, organizada pela Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), e ministrada pela Secretaria Geral da República, junto com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), FUNAI e Ministério do Meio Ambiente.

                             Ministro Sílvio e a secretária da República tentam explicar o descaso do Governo Federal

A oficina foi coordenada por Juliana Miranda, secretária adjunta da Secretaria Nacional de Articulação Social (Secretaria-Geral) e pelo ministro Sílvio Albuquerque (Relações Exteriores). Além de informar o que é a Convenção 169 e a regulamentação do direito da consulta, a oficina também delineou estratégias de difusão das informações da Convenção 169 sobre o processo de diálogo com as comunidades, as quais faltavam muitos representantes.


A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os povos indígenas e tribais foi ratificada pelo Brasil em 2002 e entrou em vigor em julho de 2003. Os países signatários da convenção se comprometem a consultar os povos interessados quando forem previstas medidas legislativas ou administrativas que os afetem diretamente, garantindo a efetiva participação dos povos indígenas e tribais na tomada de decisões. Nós, do Movimento Indígena Revolucionário, denunciamos, na ocasião, que a Convenção 169 da OIT está sendo completamente desrespeitada pelo Governo Federal e pelas empresas privadas. Nós denunciamos que a Convenção não foi aplicada devidamente desde sua ratificação até os dias de hoje, mantendo impunes todas as violações cometidas contra as nações indígenas. Temos como exemplos desses crimes: as construções de hidrelétricas; explorações do subsolo, com mineração em Terras Indígenas, sem consulta prévia aos indígenas; assassinatos de lideranças e guerreiros indígenas; prisões arbitrárias de indígenas; Decreto 7056/09 – que tirou a estabilidade da FUNAI; Portaria 303 da AGU; genocídio dos Guarani Kaiowá; etc. Carlos Pankararu explica ao Ministro Sílvio como a Convenção 169 está sendo totalmente rasgada no Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=2a_ffIbDh3Q&feature=colike Se realmente o Governo se interessasse em preservar o cerrado, não teria cortado as árvores onde os indígenas do Acampamento Indígena Revolucionário estavam acampados durante os nove primeiros meses do ano de 2010. http://www.youtube.com/watch?v=0JFih507KMY

Nós, do Movimento Indígena Revolucionário, estamos lutando para a preservação do cerrado e seu bioma, sem hipocrisias! Nós não somos contra os projetos de lei de exploração de minérios e sua biodiversidade extrativista em terras indígenas, desde que essa exploração seja feita pelos povos indígenas, através das nossas próprias organizações - já que somos capacitados e não mais tutelados. Queremos a imediata titulação das terras indígenas que fazem parte do cerrado e de toda a cosmologia da floresta deste país. Queremos a imediata demarcação da Terra Indígena Santuário dos Pajés, Aldeia Tekohaw no DF e aldeias de todo o Brasil. Queremos um presidente indígena na FUNAI e indígenas em todos os órgãos que falam sobre os nossos direitos.

A Cosmologia da Floresta e Wiracocha Cósmica por um cerrado e seu bioma para todos. Ayaya\\\..///



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Manifesto na Aldeia Maracanã

  • 17:30
  • Concentração na Aldeia Maracanã
  • MANIFESTO ALDEIA MARACA-NÃ

    Se você recebeu esta carta, certamente é um indígena legítimo ou um verdadeiro apoiador das causas indígenas.É com muita insatisfação com o descaso público que trazemos a você mais uma de muitas lutas dos nossos irmãos indígenas, luta esta que... estou envolvida de corpo e alma.
    Há aproximadamente seis anos o antigo museu do índio foi ocupado por uma frente de resistência envolvendo diversas etnias do nosso extenso pais. Esse grupo de parentes, do qual faço parte, tem entre seus propósito resistir contra os intentos do governo de construir, no prédio fundado por Darcy Ribeiro, um shopping ou estacionamento para o estádio do Maracanã, que fica ao lado.O prédio, que já se encontra em condições deploráveis, foi berço do antigo SPI, Serviço de Proteção ao Índio, que deu origem a atual e ineficiente FUNAI, alem de ter abrigado as primeiras instalações do Museu do Índio, que agora está localizado na Rua das Palmeiras, 55, no bairro de Botafogo.
    Parentes, é com muita dor que pedimos o seu apoio, pois aquele chão que outrora foi motivo de algum orgulho, hoje encontra-se na iminência de ser deserdado de todas as nossas futuras gerações. A terra indígena da mata é invadida e desrespeitada todos os dias e agora esse governo corrupto, sem raízes e vazio quer tomar alguns poucos metros de terra indígena no coração urbano da cidade do Rio de Janeiro. Não vamos permitir que roubem de nós um chão conquistado com tanta luta! Nós, os integrantes deste movimento de ocupação e resistência, pedimos o apoio de todos os parentes para criarmos o Centro Cultural Indígena Aldeia Maracanã, que abrigará todas as etnias, línguas e culturas e será um ponto de encontro entre todas as lideranças indígenas do nosso pais. Para que a cada dia as culturas e a população indígena seja valorizada, respeitada e inserida na sociedade civil e política.
    Queremos convidar aos parentes para uma manifestação pacifica ao redor do estádio do Maracanã, nesta quinta-feira (21/06/2012) às 17:30h. Uma luta sem violência, uma guerra sem morte e uma vitória que possa ser assistida pelas lentes da imprensa nacional e internacional. Os olhos do mundo estão voltados para a cidade do Rio de Janeiro. Não vamos esconder nossas culturas e sonhos ficando somente sentando em cadeiras de plástico debaixo de tendas, ouvindo apenas palavras. Vamos transformar as palavras em atitudes e os sonhos em realidade. O estádio mais famoso do Brasil e do mundo tem um nome indígena, Maracanã. Parentes, podem ter certeza que a maior parte dos cariocas nem sabe disso. O nome Maracanã vem do tupi-guarani, da palavra MARACÁ. Queremos formar uma corrente em volta de todo o estádio com todos os parente tocando maracá e cantando e dançando seus rituais.Vamos fazer o maior círculo indígena do mundo, chamando a atenção da sociedade civil para os descasos das autoridades para com a memória histórica da trajetória indígena na cidade que abriga este mega evento chamado Rio+20.

    Zahy Guajajara;
    Integrante da ocupação indígena Aldeia Maracanã.
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    Carta do Rio + 20






    CARTA DO RIO + 20 REIVINDICAÇÕES

    INDÍGENAS





    Após 10 anos de governo do Partido dos Trabalhadores e, em que pese às inúmeras manifestações, acampamentos, ocupações de órgãos públicos denunciando o serviço público da assistência indígena (saúde, educação e da gestão patrimonial pública indígena), flagrada diuturnamente no crime de violação dos direitos humanos jamais visto na história recente do país contra a população indígena desta parte da América, tendo sido, inclusive, o Brasil, condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA – Organização dos Estados Americanos, A PARALISAR A OBRA DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE por desrespeitar o princípio constitucional nacional e internacional da consulta aos povos indígenas antes da pratica de intervenções empresariais ou atos executivos e legislativos que afetem os direitos; interesses; bens materiais e imateriais, não demonstra nenhum sinal de alteração dessa política de aliança do Estado com o capital contra o segmento mais vulnerável e exposto da população, muito pelo contrário, até hoje não implementou a ordem judicial daquela egrégia Corte Internacional; desrespeitou e desrespeita as principais lideranças indígenas do país e nomeou, para presidência da FUNAI uma representante das ONGs que dominam a verba pública relacionada à gestão da assistência indígena e que são as responsáveis pela atual política de assistência.



    Nós, cidadãos da cultura indígena, exigimos que o Estado Brasileiro respeite aos direitos relacionados à dignidade da pessoa humana; que atue de forma efetiva para que não haja qualquer intervenção empresarial, legislativa e executiva que impactem nossos direitos, interesses, bens materiais e imateriais e que se houver, que seja antecedida de consulta livre, informada, bilingue e direta sem a intervenção maléfica e maldosa dos gestores da área para aprovação dos interesses econômicos e empresariais em desfavor dos direitos ambientais e étnicos; que a gestão administrativa da assistência indígena seja justa e solidária e que haja prevalência dos direitos humanos nos atos relacionados à esta assistência.

    As nossas reivindicações são direitos elementares e estão relacionadas a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-las e preservá-las para as presentes e futuras gerações. Nós somos Defensores Públicos de Direitos Humanos ambientais, sociais, religiosos, culturais e de territórios do patrimônio nacional e as nossas práticas e atos estão relacionados às condições que asseguram a preservação do meio ambiente e do seu uso sustentável e isso só será possível através de práticas e atos estatais respeitosos à diferenciação cultural; ao bilingüismo;  à etnocidade; à diversidade; aos saberes, conhecimentos locais, regionais, étnicos; cosmológicos; à imprescritibilidade; à impenhorabilidade e a inalienabilidade.

    Por tudo isso pedimos:

    1) – Que o Estado Brasileiro reconheça que viola os Direitos dos seus cidadãos indígenas à educação por não ter sido capaz de implementar, até o momento, a escolarização básica de 1ª a 4ª série, bilíngüe; diferenciada e multiétnica;



    2 – Que o Estado Brasileiro reconheça a inexistência da assistência da saúde indígena diferenciada e multiétnica;



    3 – Que o Estado Brasileiro reconheça que os Gestores da Assistência Indígena realizada pela FUNAI violam os direitos e interesses indígenas de serem consultados sobre todos os projetos que impactam direta ou indiretamente os seus territórios, bens materiais e imateriais;



    4 – Que o Estado Brasileiro reconheça que precariza, terceiriza e contrata cidadãos indígenas na condição análoga a de escravos nas áreas da assistência à saúde e educação através de ONGs que não possuem condições para arcar com os encargos trabalhistas, previdenciários e sociais;



    5 – Que o Estado Brasileiro reconheça que inseriu os seus cidadãos indígenas num dos IDHs piores do mundo;



    6 – Que o Estado Brasileiro reconheça que legisla sobre direitos e interesses ambientais, culturais, sociais, materiais e imateriais em desfavor dos seus cidadãos indígenas sem lhes consultar;



    7 – Que o Estado Brasileiro e o do Vaticano reconheçam e a Excelentíssima Senhora presidenta da República Federativa do Brasil, juntamente com o Pontífice Papa peçam seus devidos perdões e desculpas e assumam a responsabilidade de reparar e indenizar pelas atuais, anteriores (guerra justa e escravidão) e graves violações dos direitos relacionados à dignidade da pessoa humana dos cidadãos brasileiros indígenas e que se comprometam a repará-los e indeniza-los nas mesmas proporções dos danos atuais e pretéritos experimentados e que a CNBB/Igreja Católica retire de seus templos religiosos, prédios, monumentos, livros e demais utensílios as imagens ou referências mostrando o genocídio indígena como algo positivo como no caso da igreja matriz de Porto Alegre onde encontra-se a representação de 4 etnias indígenas cujas cabeças são mostradas na base externa dos fundos da matriz em posição de tortura, com cabeça, mãos atadas e expressões de horror, mostrando os povos nativos como seres inferiores, escravizados e dominados.





    8 – Que a Excelentíssima Senhora Presidenta da República determine que seja implementada à decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA – Organização dos Estados Americanos que condenou o Estado Brasileiro a paralisar as obras da Hidrelétrica de Belo Monte por não consultar aos seus cidadãos indígenas sobre as medidas econômicas/empresariais que impactem, seus territórios, bens materiais, imateriais, direitos e interesses, bem como para adequar todos os atos administrativos praticados pelas três funções do Estado Nacional Brasileiro e todos os entes federativos que violaram e violam direitos e interesses indígenas, bem como a suspensão de todas as intervenções em curso, criando um eixo temático específico na COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE cujo foco de estudo seja: As Nações Indígenas e a Ditadura Militar - subsídios para a Comissão da Verdade 1946-1988, bem como a indicação de uma liderança indígena para preencher um dos cargos de assessores que ainda estão em aberto;



    9 – Que a Excelentíssima Senhora presidenta da República adote as medidas necessárias para a demarcação e homologação de todas as TIs já levantadas e estudadas e subscreva o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, SUG. 02/2010 que cria o CNDDI – Conselho Nacional de Defesa dos Direitos Indígenas e o Fundo Social Indígena financiado exclusivamente pelo patrimônio indígena e pensado, administrado, dirigido e gerido por este;

    10 – Que o colendo Congresso Nacional suspenda a Tramitação do Projeto de Emenda constitucional de nº PEC 215/2000 que altera as demarcações das TIs (Terras Indígenas) e do Projeto de Lei n PL 3571/2008 que dispõe sobre a criação do CNPI.




    11 – Que a AGU – Advocacia Geral da União crie estrutura específica para a Defesa dos Direitos Indígenas em todos os Estados e DF, objetivando, inclusive, a revogação de possíveis decisões judiciais em seu desfavor;



    12 – Que a Excelentíssima Senhora presidenta da República adote as medidas necessárias à entrega de todos os bens, direitos e patrimônios materiais e imateriais reivindicados pelos indígenas junto ao SPU; Ministérios; Empresas Públicas; Economias Mistas; Fundações da União Federal, Estados e Municípios;



    13 – Que a colenda Câmara dos Deputados vote e aprove o PL 2057/1991 que cria o Estatuto do Índio e que garanta as cotas eletivas;



    14 - Criação, Estatuto das Sociedades Indígenas, definição, direitos, indio, brasileiro nato, isonomia salarial, organização, natureza social, ação de reivindicação, terras índígenas, costumes, crença religiosa, linguagem, tradição, garantia, bens, administração, patrimônio, concessão, isenção fiscal, tributação, tributos, rendimento. _Garantia, direitos, obtenção, patente de invenção, modelo industrial, utilização, produção intelectual, modelo, criação, índio, nulidade, transferência, carta de patente, proteção, farmacopéia, essencia florestal, exigência, pagamento, obrigatoriedade, vantagens pecuniárias, direito autoral, obra intelectual, música. _ Competência, Justiça Federal, julgamento, processo judicial, causa judicial, índio, colaboração, Polícia Federal, Forças Armadas, Forças Auxiliares. _ Proteção, terras indígenas, reserva indígena, garantia, produção, atividade agrícola, produtividade, preservação, recursos ambientais, ecossistema, meio ambiente, levantamento geológico, direito de lavra, usufruto, recursos naturais, riquezas, estudo de impacto ambiental, pagamento, royalties, compensação financeira, licitação, exploração, lavra de minério, mineração, recursos hídricos, proibição, pesquisa de minério, recursos minerais, local, ausência, demarcação, invasão, conflito fundiário, terras indígenas, isolamento, índio. _ Direitos, exclusividade, indio, garimpagem, faiscação, terras índígenas, declaração, utilidade publica, desapropriação, terras. _ Proibição, remoção, índio, comunidade indígena, ressalva, risco de vida, epidemia, calamidade pública, ad referendum, Congresso Nacional. _ Garantia, reconhecimento, terras índigenas, previsão, processo administrativo, demarcação, caracterização, crime de responsabilidade. _ Garantia, índio, assistência médica, prevenção, epidemia, criação, comissão de coordenação, definição, política, saúde, composição, competência, membros, (Funasa), representante, Conselho Indigenista, Ministério Público Federal, Congresso Nacional, comunidade indígena, sociedade civil, apoio. _ Normas, educação, índio, garantia, utilização, língua, previsão, ensino, língua portuguesa, fixação, currículo escolar, criação, comissão de coordenação, composição, membros, competência. _ Fixação, pena de reclusão, dolo, culpa, crime, genocídio, homicídio, morte, agressão, violência, controle de natalidade, índio, remoção, depredação, meio ambiente, incentivo, conflito fundiário, discriminação racial. _ Revogação, Estatuto do Índio.

    Que a egrégia Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprove o PDL 2393/10 que revoga o Decreto Presidencial de n 7.056/09 que extinguiu os Postos Indígenas, Administrações Regionais; colocou os servidores indígenas em situações constrangedoras e não precedeu da devida consulta, bem como que a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal aprove o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, SUG. 02/2010 que cria o CNDDI – Conselho Nacional de Defesa dos Direitos Indígenas e o Fundo Social Indígena financiado exclusivamente pelo patrimônio indígena e pensado, administrado, dirigido e gerido por este;



    15 – Que as egrégias Comissões de Direitos Humanos das Colendas Câmaras dos Deputados; Senado Federal e a CGU – Corregedoria Geral da União instaurem procedimentos para apurar a prática de crimes, ilícitos  administrativos e éticos contra os gestores públicos da assistência indígena: os representantes do CIMI (Conselho Indígena Missionário) lotados no Gabinete da Presidência da República: Srs. Paulo Maldus e o Excelentíssimo Sr. Ministro Gilberto Carvalho; o
    Excelentíssimo Sr. Ministro de Estado da Justiça, Eduardo Cardoso e do seu antecessor; do ex-presidente da FUNAI, atualmente responsável pela Educação Indígena no Ministério da Educação, Sr. Marcio Meira; da Presidenta e demais diretores da FUNAI, por serem os responsáveis pela política e execução da atual e criminosa gestão de assistência indígena do Governo Federal, bem como os atos cometidos contra os indígenas que protestaram pacificamente em frente ao Congresso Nacional e Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios,
    Brasília, DF, no ano de 2010 e a destinação imoral da verba destinada à proteção dos territórios indígenas, ou seja, do fundo PPTAL (Projeto Integrado da Proteção às Populações Indígenas da Amazônia Legal) às ONGs cuja inexistência da proteção leva ao assassinato de diversas lideranças indígenas;



    Criação, Estatuto das Sociedades Indígenas, definição, direitos, indio, brasileiro nato, isonomia salarial, organização, natureza social, ação de reivindicação, terras índígenas, costumes, crença religiosa, linguagem, tradição, garantia, bens, administração, patrimônio, concessão, isenção fiscal, tributação, tributos, rendimento. _Garantia, direitos, obtenção, patente de invenção, modelo industrial, utilização, produção intelectual, modelo, criação, índio, nulidade, transferência, carta de patente, proteção, farmacopéia, essencia florestal, exigência, pagamento, obrigatoriedade, vantagens pecuniárias, direito autoral, obra intelectual, música. _ Competência, Justiça Federal, julgamento, processo judicial, causa judicial, índio, colaboração, Polícia Federal, Forças Armadas, Forças Auxiliares. _ Proteção, terras indígenas, reserva indígena, garantia, produção, atividade agrícola, produtividade, preservação, recursos ambientais, ecossistema, meio ambiente, levantamento geológico, direito de lavra, usufruto, recursos naturais, riquezas, estudo de impacto ambiental, pagamento, royalties, compensação financeira, licitação, exploração, lavra de minério, mineração, recursos hídricos, proibição, pesquisa de minério, recursos minerais, local, ausência, demarcação, invasão, conflito fundiário, terras indígenas, isolamento, índio. _ Direitos, exclusividade, indio, garimpagem, faiscação, terras índígenas, declaração, utilidade publica, desapropriação, terras. _ Proibição, remoção, índio, comunidade indígena, ressalva, risco de vida, epidemia, calamidade pública, ad referendum, Congresso Nacional. _ Garantia, reconhecimento, terras índigenas, previsão, processo administrativo, demarcação, caracterização, crime de responsabilidade. _ Garantia, índio, assistência médica, prevenção, epidemia, criação, comissão de coordenação, definição, política, saúde, composição, competência, membros, (Funasa), representante, Conselho Indigenista, Ministério Público Federal, Congresso Nacional, comunidade indígena, sociedade civil, apoio. _ Normas, educação, índio, garantia, utilização, língua, previsão, ensino, língua portuguesa, fixação, currículo escolar, criação, comissão de coordenação, composição, membros, competência. _ Fixação, pena de reclusão, dolo, culpa, crime, genocídio, homicídio, morte, agressão, violência, controle de natalidade, índio, remoção, depredação, meio ambiente, incentivo, conflito fundiário, discriminação racial. _ Revogação, Estatuto do Índio.

    16 – Que a Excelentíssima Senhora presidenta da Republica adote as medidas cabíveis para que os Concursos Públicos respeitem o Bilingüismo; a Diferenciação Cultural; saberes e conhecimentos regionais, locais e étnicos para regularizar a situação funcional dos Agentes de Saúde; dos Professores Indígenas e nas demais áreas de assistência indígena, garantindo cotas específicas;



    17) – Que a Excelentíssima Senhora presidenta da República reconheça aos indígenas a condição de consultores ambientais e Defensores Públicos de Direitos Humanos Culturais, Ambientais e Religiosos para efeito de gestão sustentável e prioridade na participação nos projetos destinados a essa finalidade;

    18) - Implementação imediata das Resoluções das Conferências de Saúde, Educação, Meio Ambiente e Direitos Humanos relacionadas ao seguimento social indígena e da Lei nº 11.645;

    19) – Que a Excelentíssima Senhora presidenta da República determine à FUNAI que extinga imediatamente o Projeto DOBES, que privatiza o acesso às Línguas Indígenas Brasileiras, com o Estado Nacional criando obstáculos para a ampla divulgação e estudo da língua e do conhecimento dos Povos Originários, entregando à iniciativa privada estrangeira o mais precioso Patrimônio Imaterial dos Povos Indígenas Brasileiros, o Idioma; devolução imediata da propriedade intelectual das Línguas Nativas Brasileiras (matrizes) àqueles que detêm a sua posse, os falantes (pelo Concurso Público Diferenciado e Bilíngue como forma efetiva de fortalecimento das Línguas Indígenas Brasileiras);


    20) – Que a e. Comissão Especial da Mineração em Terras Indígenas Regulamente e Regularize a mineração para os indígenas e sob seus domínios e controles e que se posicione CONTRA o PL nº 1610/96 em tramitação na Câmara dos Deputados que regulamenta a mineração para as empreiteiras e mineradoras em desfavor dos indígenas.
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    SOLIDARIEDADE AO LÍDER TUKANO PEDRO MACHADO


    SOLIDARIEDADE AO LÍDER TUKANO PEDRO MACHADO, IRMÃO DO CACIQUE CARLOS TUKANO DA ALDEIA DO MARACANÃ
    Os Tukano são um povo do noroeste do Amazonas (conhecida como Cabeça de Cachorro), de cerca de 10 mil indígenas espalhados no Triângulo Tukano. Os Tukano da Reserva Indígena de Pari Cachoeira tiveram contato com a sociedade não-indígena por volta de 1940, com o ingresso do antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) naquela região. Começou uma longa, duradoura e profunda dor por terem sido prisioneiros, com inúmeras vítimas, exterminação de aldeias, proibidos de falarem a sua língua, de morar juntos nas suas malocas (separaram em cada casa todo o povo indígena), proibidos de realizar seus próprios rituais xamânicos (desrespeito aos pajés, cânticos, mitos, sendo assim condenados por 45 anos) com sessões de torturas, espancamentos, genocídio, etnocídio até que os revolucionários Carlos Tukano junto aos seus irmãos Pedro Machado (hoje no hospital, em estado grave de saúde) e Álvaro Tukano e todo o seu povo dispuseram as suas próprias vidas em grito de liberdade, libertando seu povo de 45 anos dos miseráveis capuchinhos, salesianos e da Ação Católica. Na década de 80 participaram ativamente da Constituinte e fundaram a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, e várias lideranças do povo Tukano se destacaram como Álvaro Tukano (irmão de Pedro e Carlos) e Carlos Tukano, cacique e representante da Aldeia Maracanã na cidade do Rio de Janeiro.
    DO PEDIDO DE SOLIDARIEDADE
    Pedro Machado (etnia Tukano) 60 anos, da Reserva Indígena de Pari Cachoeira, Município de São Gabriel da Cachoeira. O indígena Pedro está com problema de saúde grave. Ele precisa realizar exames gástricos (endoscopia etc), assim como ultrassonografias de fígado e rins, e mais consultas médicas, ajuda para locomoção para Manaus, para atendimento melhor – pois na reserva não há recursos melhores de médicos. Este agravante de saúde está acontecendo há mais de três meses. Foi diagnosticado câncer de pâncreas. Vai ser necessário fazer cirurgia. Por isso, precisa de ajuda financeira para o tratamento.
    AGÊNCIA: 1136-3
    CONTA CORRENTE: 8700-9 BANCO DO BRASIL NO NOME DE LUCELIA MACHADO DIAS (SOBRINHA DE PEDRO)
    CELULAR 041 92 8151-4445 (LUCÉLIA)
    PEDRO MACHADO TUKANO 041 97 8113-4743 OU 8113-4743
    CARLOS TUKANO 041 21 8376-5987
    Entrevista com Pedro Machado, líder Tukano
    Sem pajé, índio quer pesquisa com plantas

    por Luciana Christante em 08/06/2010

    Autor de frases de impacto, como “O que os europeus fizeram aqui foi um etnocídio” e “A tradição indígena é um copo quebrado”, Pedro Fernandes Machado, de 56 anos, da etnia Tukano, mostra nesta entrevista que os povos indígenas da região do alto rio Negro estão mais mobilizados do que nunca. Entendem qual é a importância de receber pesquisadores em suas terras e querem participar de perto desse processo para não correr o risco de que o conhecimento seja levado embora sem quem eles sejam beneficiados de alguma forma. Pedro é um dos fundadores da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) e hoje é representante da Funai na federação.

    UC – Qual é a sua experiência com pesquisadores que já vieram à região?
    Pedro Fernandes Machado – No princípio nós não tínhamos noção do papel do pesquisador e da finalidade dele, então ninguém discutia. Eu posso falar que já passaram aqui pelo alto rio Negro muitos pesquisadores, mas quanto ao retorno, quase não se vê. Nós nunca discutíamos, sempre fomos passivos, era ouvir e aceitar. Agora não, nós não aceitamos passivos e não ficamos quietos, nós queremos discutir, queremos saber e queremos ter o que é de nosso direito. Com a criação da política indígena do alto rio Negro, com a Foirn, de 1990 para cá a gente tenta entender qual é o papel do pesquisador.

    UC – A demarcação de terra foi importante nesse processo…
    Pedro - Sim, antes nós não tínhamos um campo exclusivo nosso para discutir sobre os fatos que acontecem na nossa região e tratar de tudo o que nós temos, dos recursos naturais, dos conhecimentos tradicionais, das riquezas como um todo. A demarcação de terra sempre foi o desejo dos povos indígenas. O Estado brasileiro tinha seus governos, suas estruturas, os indígenas não. Não que isso não faça do indígena parte da sociedade nacional. Mas quando ele se envolve no meio de outras pessoas que não são índio, não é muito ativo, assim, de participar da discussão. Ele parece que se fecha e a outra pessoa nunca vai saber o que ele quer. Então tornou-se um sistema de ser subordinado, subalterno. Hoje não, você deve ter visto aí o pessoal falando dos direitos, de patente, disso, daquilo. Então muitas das vezes eu não interfiro, deixo eles falarem. Quero ver qual vai ser o resultado depois da discussão.

    UC – Abrahão França (diretor-presidente da Foirn) lembrou a polêmica em torno da pimenta Baniwa (uma mistura de especiarias que foi comercializada pelos Baniwa com o nome deles, mas que também é feita por outras etnias que não estão ganhando com isso; saiba mais). Como você vê essa questão?
    Pedro -
    É verdade o que ele fala, está correto. Realmente, todas as etnias indígenas do alto rio Negro são muito parecidas. O povo Baniwa foi muito influenciado pelo pessoal do ISA (Instituto Socioambiental), que está sempre com eles lá, e faz tempo, então eles avançaram muito. Todos os indígenas têm mesmo esse material, só que aí os Baniwa, tendo mais conhecimento por causa da orientação do pessoal do ISA, avançaram mais, então eles colocaram [o nome na pimenta] dizendo que é deles. Aí criou esse impasse.

    UC – E vocês querem evitar que isso aconteça de novo…
    Pedro – É, porque se torna uma barreira entre os povos indígenas. Isso tem que ser levado com muito cuidado pra não desfazer de ninguém. Quando se fala de patentear o produto* é um caso sério, porque todo mundo quer ganhar dinheiro. Hoje o índio é diferente, ele quer ganhar dinheiro também. Só que aí eu vejo que ele ainda não é um bom empreendedor. Ele pensa ser às vezes, mas não é ainda, porque ainda não temos experiência prática, real, e tivemos uma experiência infeliz também. Na década de 80, por exemplo, aqui no alto rio Negro, na serra do Traíra, área dos Baniwa e dos Ianomami, houve grande extração de minério. Muitos pegaram ouro. Os indígenas do Tiquié – a minha região – pegaram 600 gramas, um quilo, dois quilos. Eles conseguiram muito dinheiro, mas não souberam investir. Vejo que o índio pensa em gastar tudo agora fazendo festa por aí e acabou. Então isso deixa um pouco de receio quando falamos de economia. Tem que ter cuidado.

    * A pimenta Baniwa não foi patenteada, veja mais detalhes.

    UC – Qual sua impressão sobre a vinda do grupo do professor Lin Chau Ming?
    Pedro - O grupo veio diretamente envolvido com o Ifam [Instituto Federal do Amazonas], que é um órgão do governo, de educação, de formação, então dá a entender que o trabalho que ele quer fazer abrange a necessidade de uma sociedade. Sendo assim, é viável de primeira vista ter uma certa confiança no que ele fala. Eu digo assim porque ele não se infiltrou em cima de um grupinho de indígenas, por exemplo. Ele se envolveu com os professores, sejam índios ou não. Ele convida a Foirn, a Funai, então eu vejo uma massa de gente de vários órgãos e associações onde [o estudo] foi discutido, por isso eu vejo uma diferença [com outros pesquisadores que já foram à região]. Por exemplo, o ISA não faz isso, fica só com a diretoria e os outros não sabem o que trataram. Quando sabem, já foi feito. É esse tipo de coisa que nós não aceitamos, eu pelo menos não aceito, tem que ser uma coisa do povo.

    UC – Você acha que o tempo que os pesquisadores têm é adequado pra fazer o que eles querem fazer?
    Pedro - Veja bem, eu sempre digo que, quando se trata do tempo, quem vem de fora realmente não conhece nossa região e calcula mal o tempo. Por exemplo, o grupo já vai embora no sábado, hoje estamos na terça-feira e estamos começando a conversar, então só tem quarta, quinta e sexta pra fazer essas viagens. Por mais que sejam próximas [as comunidades], [as anuências dos índios para que os pesquisadores estudem a terra deles] não vão sair assim tão rápido, então isso requer um tempo. O tempo que ele colocou fica na contra-mão pra fazer acontecer as coisas de acordo com as necessidades.

    UC – Ainda há muita coisa na mata para ser pesquisada?
    Pedro - Muita coisa já foi, só que a gente não teve retorno, nem pra informação, banco de dados, por exemplo. A região aqui é grande, dividida em cinco partes pela Foirn. Na minha, que é da calha do rio Tiquié, nós não temos nenhuma restrição. Se vemos que é bom pra nós, não tem problema nenhum, pode pesquisar, desde que diga o que descobriu e o que vai ser feito. Vamos discutir os resultados. E temos de ser cautelosos e práticos porque senão a pessoa que vem fazer as coisas pra beneficiar a sociedade pode de repente desanimar e não fazer mais. E em vez de ganhar vou terminar perdendo tudo. Mas temos de olhar a região como um todo, porque ela é grande, precisa de pesquisa e precisa de resultados positivos pra benefício da própria população e claro de quem pesquisa, que afinal é trabalho dele. Sem pesquisador não teríamos resultado da ciência e tecnologia.

    UC – Inclusive porque, como você comentou, não tem mais pajé por aqui. Como é isso?
    Pedro - Esse conhecimento já se perdeu, eu não vou ficar me iludindo. Quando era criança eu via as coisas serem destruídas. Talvez os Baniwa ainda tenham [pajés], mas nós os Tukano, a maior parte, acho que 95%, 97% se perdeu. Muito pouca coisa se sabe. Senão, nesses últimos 20 anos que se fala tanto de cultura, de resgate, estaríamos vendo o surgimento de novos pajés, de novos benzedores.

    UC – Você acha que ainda é possível resgatar esse conhecimento?
    Pedro - É impossível. O índio nunca escreveu livro. Quando a pessoa morre leva tudo. Não tem como recuperar isso. Por isso eu sou favorável à tecnologia, à ciência de pesquisar as plantas, as raízes, pra transformar em remédio. Eu por exemplo tenho uma filha de 19 anos, logo ela vai formar a família dela, então ela vai ter que aprender como os que não são indígenas fazem quando vão ter filho, qual seu sistema pra não ter doença. Eu tenho que aprender isso, porque eu não tenho pajé. Eu não sei nada nada de benzimento, então não vou ficar me iludindo, não adianta eu falar de benzimento, de tradições e estar nesse estado de apresentação.

    Foto: Guilherme Gomes


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    Vitória na Justiça, luta na rua!




    Dr. André de Paula na rádio web petroleira, junto com o radialista Nato Kandall: apoio da FIST foi fundamental para a vitória da Ocupação Luísa Mahin



    Vitória na Justiça, luta na rua!
    A Ocupação Luísa Mahin, da Ladeira do Russel, 51, na Glória, festeja hoje a sua vitória na Justiça. No último momento, o Desembargador Cláudio Tavares de Oliveira Júnior, interpôs um agravo interno, que, traduzindo da linguagem jurídica, impede que haja o despejo das famílias de sem teto que ocupam o casarão.
    O Desembargador agiu a favor dos ocupantes, por considerar que “o cumprimento do mandado de reintegração de posse importará no desalijo de várias famílias humildes, causando-lhes danos irreparáveis.”
    Assim, as famílias ficam na Ocupação que, em assembleia, decidiram homenagear a líder da Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia, a guerreira Luísa Mahin, para ser o nome que irá protege-los e guia-los nessas batalhas.
    Portanto, nesta luta infatigável pela causa dos descapitalizados, todos foram imprescindíveis para essa vitória. Os ocupantes são vitoriosos porque decidiram resistir por sua casa e dignidade, negando sair de um imóvel que já lhes pertence moralmente. O Ocupa Rio também é vitorioso por ter tido a sensibilidade de acolher e lutar ao lado dos ocupantes – sensibilidade essa que todo revolucionário deve ter por quem precisa de ajuda. A Frente Internacionalista dos Sem Teto também é vitoriosa, pela incansável luta de seu advogado André de Paula e do fundador da FIST, Antônio Louro (que não desiste de lutar pelos pobres, mesmo com 87 anos), e pelos seus militantes, que apoiaram e acreditaram na Ocupação. E, por fim, agradecemos também a Defensoria Pública e ao Desembargador, que agiram em prol dos corajosos sem teto.
    Mas, como os malês da Luísa Mahin, não iremos desistir de lutar na rua. É na rua onde está a nossa luta e é na rua que conseguiremos a vitória definitiva. Nesta próxima segunda-feira, às 6h da manhã, estamos marcando uma manifestação na frente do Hotel Glória, para mostrarmos para o capitalista Eike Batista que os VERDADEIROS donos do Rio de Janeiro são os desterrados, os sem teto, os indígenas, os negros e todo o povo trabalhador.
    Convidamos vocês, então, para essa batalha nas ruas! Ganhamos a vitória na Justiça, mas ainda falta a das ruas! Convocamos vocês para estar nesta segunda-feira, às 6h da manhã, na frente do Hotel Glória para dizermos para o patrão Eike Batista que quem paga o lucro dele SOMOS NÓS! E não iremos aceitar que haja despejos de famílias humildes para em seu lugar ficar a especulação imobiliária para a Copa do Mundo e Olimpíadas!
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    Família Indígena reivindica área ancestral


    Sem-teto e indígena juntos - charge de Latuff
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    Família Indígena reivindica área ancestral
    A indígena Cícera cansou de ser rejeitada e humilhada. Forte e corajosa, a índia é a principal líder de um grupo de sem-teto que ocupa um casarão na Glória. Já foram despejados outras vezes do mesmo local e contando as idas e vindas eles vivem no imóvel há uns quatro anos. Agora, junto com a sua família e outras de sem-teto, ela reivindica uma área considerada tradicional pelos indígenas: a Travessa do Outeiro, antiga Ladeira Russel, 51, na Glória, Rio de Janeiro.

    Sabemos, pela História, que o Rio de Janeiro foi palco de batalhas sangrentas entre tupinambás e portugueses. A grande e temida Confederação dos Tamoios tinha como uma das suas principais aldeias, base de sua resistência, a aldeia de Uruçu-Mirim, onde hoje fica o bairro da Glória. A tão bela e famosa Igreja da Glória nada mais é do que um antigo cemitério indígena – é bastante comum a construção de igrejas em antigos cemitérios ou locais de reza indígenas, pois é uma maneira eficiente da Igreja Católica de submeter os indígenas aos seus ritos.

    O fato é que a Ladeira do Russel, 51, na Glória, é aonde HOJE a História da guerra entre tupinambás e portugueses se repete (sabemos bem que a História não se repete, mas estruturalmente há aspectos semelhantes e que ficam). Temos, de um lado, uma empresa capitalista chamada SERTENGE, especialista em construção civil (assim não eram os portugueses?); e, de outro lado, famílias humildes (como a terra é húmus, gente da terra) que reivindica a sua casa (o Estado tem o dever de proteger e garantir casa a todos, mas como são meros índios, ou meros sem-teto, deixa pra lá, quem se importa realmente?)

    Nós nos importamos! Vamos dizer NÃO à SERTENGE! Não à reintegração de posse de algo que é ILEGAL (a SERTENGE NÃO é a dona do imóvel, não tem nenhum título de propriedade e simplesmente FALSIFICOU a titularidade do casarão). Vamos lutar e dizer para os capitalistas de plantão que essa terra é indígena e pessoas como Cícera tem, sim, direito à sua terra ancestral. Não podemos reproduzir a mentalidade colonial de expulsão de indígenas dos seus locais de direito.
    Escute Cícera, Derli e Gaúcho da Ocupação da Ladeira do Russel na rádio web petroleira: http://www.radiopetroleira.org.br/w3/index.php?view=article&id=1875%3Aprograma-sem-teto-em-revista-do-dia-1-de-dezembro-de-2011-6o-congresso-de-fist&option=com_content&Itemid=61
    O Movimento Indígena Revolucionário junto com a Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST) apoia a ocupação da Ladeira do Russel, 51. Ontem, dia primeiro de dezembro, a incansável Cícera deu uma entrevista para a rádio web petroleira, no Programa Sem Teto em Revista (sob os comandos do radialista Nato Kandall e com apoio técnico de Jaime de Freitas) junto com o advogado da FIST, Dr. André de Paula.


    Nesta próxima segunda-feira, dia 5 de dezembro, às 8h da manhã, está marcada a data da expulsão de Cícera, sua família e das famílias dos outros sem-teto. Pedimos a todos que se sintam sensibilizados pela causa dos INDÍGENAS QUE ESTÃO SE TORNANDO SEM-TETOS na cidade de Uruçu-Mirim/Rio de Janeiro, que compareçam à Ladeira do Russel, 51, Glória, para RESISTIRMOS CONTRA A EMPRESA NEO-COLONIAL PORTUGUESA SERTENGE e lutarmos ao lado dos nossos indígenas sem-teto.
    Queremos também convidar todos para o VI Congresso da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), que ocorrerá no dia 11 de dezembro e contará com a participação do Movimento Indígena Revolucionário. Awire!

    Sem Tetos comemoram seis anos de lutas e vitórias das Ocupações
    VI Congresso terá participação de diversos Movimentos Sociais e militantes políticos.

    A FIST - FRENTE INTERNACIONALISTA DOS SEM TETO, realizará no domingo dia 11 de dezembro, no auditório do SINDIPETRO-RJ, seu VI Congresso. A entidade que apóia política e juridicamente as ocupações de Sem Teto na região metropolitana do Rio, contará com a presença de várias entidades que apóiam o movimento social.
    Na programação, a mesa de abertura acontecerá às 9h com a presença de alguns movimentos sociais, como: a Pastoral das Favela; o Ocupa Rio; MTD – pela base; Fórum de Educadores Populares; Movimento Indígena Revolucionário; os Sem Tetos; os representantes da campanha O Petróleo Tem que ser Nosso; CUT; e, o militante e escritor Cesare Battisti, entre outros. Ao meio-dia, horário do almoço, também será para degustar cultura, pois é neste horário que alguns grupos de música e teatro farão suas apresentações. As 13h30 serão retomadas os debates, com foco nos movimentos sociais de ocupação. A partir das 16h, a FIST apresentará suas propostas para o próximo ano, finalizando as resoluções às 18h na última plenária. O Congresso será encerrado com uma grande festa em comemoração as lutas e vitórias alcançadas pelos movimentos no ano de 2011.

    Serviço:
    Local:SINDIPETRO-RJ
    End: Av. Passos 34, Centro
    Tel: 9606-7119/ 9724-2144
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